Yoga sutras

São o texto clássico que codificou o conhecimento tradicional sobre o Yoga. Foi escrito por Patañjali, renomeado siddha nascido na região do noroeste da Índia, e que obteve notoriedade ensinando Yoga no sul daquele país. Acredita-se que tenha vivido por volta da época de Siddharta Gautama, o Buda, no século V a.C., ou pouco tempo depois.

O texto se compõe de 196 aforismos divididos em quatro capítulos que tratam do método do Yoga para libertar o praticante das transformações materiais e da morte (sutra IV, 33) devolvendo-o à sua natureza autêntica (sutras IV, 34 e I, 3). Os quatro capítulos são os seguintes:

  1. Samāadhi Pāada - que trata da definição do samadhi, um estado meditativo da mente, e dos processos para alcançar esse estado;
  2. Sādhana Pāda - que trata da prática que leva ao estado meditativo e dos obstáculos que podem ser encontrados;
  3. Vibhūti Pāda - que trata dos resultados obtidos com a prática da meditação profunda (samyama) e que são conhecimentos e habilidades especiais;
  4. Kaivalya Pāda - que trata do objetivo final do Yoga proposto nos Sutras, o estado de identificação do praticante com todo o Universo, produzindo o isolamento (Kaivalyam) que dá nome ao capítulo.

O Yoga ensinado nos Sutras é conhecido como Raja Yoga, Yoga Clássico ou Yoga do Samkhya. De fato é do Sistema Samkhya que os Sutras extraem a teoria que dá sustentação à respectiva proposta prática.

Sutras são um tipo de composição literária sânscrita que tem a finalidade de facilitar a memorização de um assunto complexo. Extremamente concisos, apresentam o assunto de forma linear, em que cada aforismo decorre naturalmente do anterior. Seu estilo de compor o assunto com pouquíssimas palavras torna muito difícil a respectiva leitura, ainda que facilite a memorização. Por essa razão, os sutras são frequentemente acompanhados por comentários mais extensos produzidos por mestres de várias épocas, com vista ao melhor entendimento de seu conteúdo.

Patandjáli tem sido frequentemente chamado de fundador do Yoga por causa deste trabalho; o Yoga Sutra é um tratado sobre o Raja Yoga, baseado na escola Samkhya e nas escrituras hindus do Bhagavad Gita. Esta obra não faz referência à prática de sacrifícios como condição para a prática. Ao desmistificar este dogma, Patanjali propôs as bases do yoga clássico, se opondo ao yoga proto-histórico. Ele baseia seu trabalho nas Puranas, Vedas e Upanixades, sendo o mais brilhante tratado sobre as escrituras Hindus.

Ele também foi o criador do Ashtanga Yoga e do Raja yoga por literalmente descobrir os oito passos do yoga. Eles são os yamas,niyamas, asana, pranayama, pratyahara,dharana, dhyana e samadhi.

 

Yoga Sutras em Português ou aqui

 


Vídeos sobre yogasutras:

Canal yoga sutras

 

 

 

Paz

A civilização védica

A civilização védica desenvolveu-se nos II e I milênios a.C., embora a tradição hindu proponha uma data mais remota, no VI milênio a.C. e é a cultura associada ao povo que compôs os textos religiosos conhecidos como Vedas.

 

 

 

 

 

 

 

 

O sânscrito védico e a religião védica persistiram até o século VI a.C., quando a cultura começou a transformar-se nas formas clássicas do hinduísmo. O sânscrito era a língua sagrada dos hindus, aquela que seus ancestrais indo-arianos (civilização védica) haviam utilizado para conservar por escrito os textos sagrados mais antigos, os quatro Vedas, a começar pelo primeiro, o Rigveda. Em 1784 foi publicada a tradução do "Bhagavad-Gita", um dos textos fundamentais da filosofia hindu, que trata dos deveres e das boas ações e faz parte do Mababharata, poema épico composto por volta de 800 a.C.

Rig Veda ou Rigveda, Livro dos Hinos, é o Primeiro Veda e é o mais importante, pois todos os outros derivaram dele. Rig Veda é o Veda mais antigo e, ao
mesmo tempo, o documento mais antigo da literatura hindu, composto de hinos,
rituais e oferendas às divindades.

o Rigveda, contém 11 mil e dezessete hinos, cuja composição original remonta provavelmente à primeira metade do segundo milênio. Esses poemas, que expressam o temor diante dos mistérios da vida e do universo, foram compilados pelos brâmanes, que lhes deram uma forma padronizada, pela qual os transmitiram oralmente através das gerações. Eles só foram postos em forma escrita muito mais tarde; o documento escrito mais antigo que se conhece remonta ao século XIV de nossa era, ou seja, muito tempo depois do início da era histórica.

Por meio do culto prestado a cada um dos deuses - cujos rituais são descritos pelos Vedas - o crente busca unir sua alma à divindade, fonte do curso harmonioso do nascimento, do crescimento, da velhice e da renovação, que são a herança do homem, dos deuses e do universo. Esse espírito é chamado pelo Rigveda de Rita, enquanto os outros Vedas o denominam Brama. Somente a realização desse poder universal pode liberar a alma do ciclo do nascimento, da morte e da reencarnação.

Tal como descrita nos primeiros Vedas, a sociedade indo-ariana dividia-se em três classes - os brâmanes, os kshatriya e os vaishya -, que compreendem todos os "nascidos duas vezes", isto é, todos aqueles que receberam os sacramentos que permitem participar dos rituais védicos. A primeira das castas era a classe dos especialistas nos rituais, dos sacerdotes e dos poetas; a segunda era a dos guerreiros, que também podiam ser chefes de tribos; e a terceira, situada na parte inferior da hierarquia, era a dos mercadores e dos artesãos.

Com o passar do tempo, a cultura védica foi-se tornando cada vez mais complexa. Os textos e as epopeias mais tardias contêm descrições do uso dos instrumentos de ferro (ausentes no Rigveda) e do arado, bem como da cultura de diversos cereais, do trigo ao arroz. À medida que aumentavam em número, os indo-arianos foram colonizando extensões de terra cada vez mais vastas e contraindo matrimónio com as populações locais, dando ensejo ao surgimento de rixas e rivalidades entre clãs e alianças de clãs, entre invasores e nativos.

Esses antagonismos exigiram uma concentração de recursos e de poder, que levaram à necessidade de uma organização mais sofisticada e consequentemente de uma maior estratificação social.

A sociedade que o Rigveda descreve mostra que a vida devia concentrar-se nas aldeias e nos centros religiosos, daí a ausência de grandes cidades. Os brâmanes asseguraram seus privilégios retendo a exclusividade na celebração dos rituais - somente eles memorizavam e transmitiam os Vedas -, defendendo o recurso às cerimônias em todas as circunstâncias possíveis e imagináveis e cobrando honorários elevados para cuidar que elas se realizassem segundo as regras. Ao mesmo tempo que eles exerciam essa autoridade ritual até sobre os poderosos chefes de tribo, sugavam a riqueza da classe dos mercadores e fiscalizavam para que os shudra permanecessem na base da pirâmide social, interditando seu acesso aos méritos decorrentes da observação dos rituais.

A partir do ano 600 a. C., as maiores cidades-estados conhecidas da história do mundo começaram a surgir e a perdurar, e o subcontinente indiano da época reunia todas os elementos indispensáveis para tal:

  • a estratificação da sociedade,
  • a existência de uma rede de ligações entre especialidades econômicas e classes sociais,
  • a disponibilidade de certo número de recursos,
  • a uma evolução técnica suficiente para produzir excedentes.

retirado de André Bueno

Outros artigos relacionados:

 

Paz

Hinduísmo

O hinduísmo é uma tradição religiosa que se originou no subcontinente indiano. Frequentemente é chamado de Sanātana Dharma (सनातन धर्म) por seus praticantes, frase em sânscrito que significa "a eterna (perpétua) dharma (lei).
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, na “Alma Universal”, adorada de muitas formas, representada por divindades individuais. O hinduísmo é centrado sobre uma variedade de práticas que são vistos como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser.
Entre as suas raízes está a religião védica da Idade do Ferro na Índia. As escrituras sagradas do hinduísmo dividem-se em shruti ("revelado") e smriti ("lembrado") e fornecem informações sobre a prática do dharma (vida religiosa). Entre estes textos os Vedas e os Upanixades possuem a primazia na autoridade, importância e antiguidade. Outras escrituras importantes são os Tantras, os Ágamas, sectários, e os Puranas (AFI: [Purāṇas]), além dos épicos Maabárata (AFI: [Mahābhārata]) e Ramáiana (AFI: [Rāmāyaṇa]). O Bagavadguitá (AFI: [Bhagavad Gītā]), um tratado do Maabárata, narrado pelo deus Críxena (Krishna), costuma ser definido como um sumário dos ensinamentos espirituais dos Vedas.

Bhagavad Guitá

É uma das grandes obras escritas da cultura indiana, que compõe a obra principal da religião Hindu, popularmente conhecida como movimento Hare Krishna, difundido no Ocidente por Bhaktivedanta Swami Prabhupada, em 1965. A epopeia Mahâbhârata, de que faz parte o Bhagavad-Guitá, foi compilada na forma actual entre os séculos V e I a.c. A epopeia reporta-se à Índia antiga, unificada política e culturalmente, estendendo-se desde os Himalaias ao Cabo Camorim. O Bagavadguitá (AFI: [Bhagavad Gītā]), um tratado do Maabárata (AFI: [Mahābhārata]), narrado pelo deus Críxena (Krishna), costuma ser definido como um sumário dos ensinamentos espirituais dos Vedas.
Bhagavad-Guitá são escrituras sagradas da religião hindu que relatam o diálogo de Krishna com Arjuna, seu discípulo guerreiro, em pleno campo de batalha em Kurukshetra, uma cidade cituada no estado norte da Índia, Haryana, onde ainda hoje se celebra o Festival dedicado a Shiva.. Arjuna representa o papel de uma alma confusa sobre o seu dever e recebe iluminação directamente de Krishna que o instrui na ciência da auto-realização. Ao longo do diálogo são revelados os pontos-chave da filosofia indiana, que incluem elementos do bramanismo e do Sankhya.
No fundo é narrada a história de um conflito existencial de um guerreiro, simbolizando as “guerras” internas que todos nós travamos, diariamente…
O Bhagavad-Guitá é a essência do conhecimento védico e um dos maiores clássicos filosóficos e espirituais.