A civilização védica desenvolveu-se nos II e I milênios a.C., embora a tradição hindu proponha uma data mais remota, no VI milênio a.C. e é a cultura associada ao povo que compôs os textos religiosos conhecidos como Vedas.
O sânscrito védico e a religião védica persistiram até o século VI a.C., quando a cultura começou a transformar-se nas formas clássicas do hinduísmo. O sânscrito era a língua sagrada dos hindus, aquela que seus ancestrais indo-arianos (civilização védica) haviam utilizado para conservar por escrito os textos sagrados mais antigos, os quatro Vedas, a começar pelo primeiro, o Rigveda. Em 1784 foi publicada a tradução do "Bhagavad-Gita", um dos textos fundamentais da filosofia hindu, que trata dos deveres e das boas ações e faz parte do Mababharata, poema épico composto por volta de 800 a.C.
Rig Veda ou Rigveda, Livro dos Hinos, é o Primeiro Veda e é o mais importante, pois todos os outros derivaram dele. Rig Veda é o Veda mais antigo e, ao
mesmo tempo, o documento mais antigo da literatura hindu, composto de hinos,
rituais e oferendas às divindades.
o Rigveda, contém 11 mil e dezessete hinos, cuja composição original remonta provavelmente à primeira metade do segundo milênio. Esses poemas, que expressam o temor diante dos mistérios da vida e do universo, foram compilados pelos brâmanes, que lhes deram uma forma padronizada, pela qual os transmitiram oralmente através das gerações. Eles só foram postos em forma escrita muito mais tarde; o documento escrito mais antigo que se conhece remonta ao século XIV de nossa era, ou seja, muito tempo depois do início da era histórica.
Por meio do culto prestado a cada um dos deuses - cujos rituais são descritos pelos Vedas - o crente busca unir sua alma à divindade, fonte do curso harmonioso do nascimento, do crescimento, da velhice e da renovação, que são a herança do homem, dos deuses e do universo. Esse espírito é chamado pelo Rigveda de Rita, enquanto os outros Vedas o denominam Brama. Somente a realização desse poder universal pode liberar a alma do ciclo do nascimento, da morte e da reencarnação.
Tal como descrita nos primeiros Vedas, a sociedade indo-ariana dividia-se em três classes - os brâmanes, os kshatriya e os vaishya -, que compreendem todos os "nascidos duas vezes", isto é, todos aqueles que receberam os sacramentos que permitem participar dos rituais védicos. A primeira das castas era a classe dos especialistas nos rituais, dos sacerdotes e dos poetas; a segunda era a dos guerreiros, que também podiam ser chefes de tribos; e a terceira, situada na parte inferior da hierarquia, era a dos mercadores e dos artesãos.
Com o passar do tempo, a cultura védica foi-se tornando cada vez mais complexa. Os textos e as epopeias mais tardias contêm descrições do uso dos instrumentos de ferro (ausentes no Rigveda) e do arado, bem como da cultura de diversos cereais, do trigo ao arroz. À medida que aumentavam em número, os indo-arianos foram colonizando extensões de terra cada vez mais vastas e contraindo matrimónio com as populações locais, dando ensejo ao surgimento de rixas e rivalidades entre clãs e alianças de clãs, entre invasores e nativos.
Esses antagonismos exigiram uma concentração de recursos e de poder, que levaram à necessidade de uma organização mais sofisticada e consequentemente de uma maior estratificação social.
A sociedade que o Rigveda descreve mostra que a vida devia concentrar-se nas aldeias e nos centros religiosos, daí a ausência de grandes cidades. Os brâmanes asseguraram seus privilégios retendo a exclusividade na celebração dos rituais - somente eles memorizavam e transmitiam os Vedas -, defendendo o recurso às cerimônias em todas as circunstâncias possíveis e imagináveis e cobrando honorários elevados para cuidar que elas se realizassem segundo as regras. Ao mesmo tempo que eles exerciam essa autoridade ritual até sobre os poderosos chefes de tribo, sugavam a riqueza da classe dos mercadores e fiscalizavam para que os shudra permanecessem na base da pirâmide social, interditando seu acesso aos méritos decorrentes da observação dos rituais.
A partir do ano 600 a. C., as maiores cidades-estados conhecidas da história do mundo começaram a surgir e a perdurar, e o subcontinente indiano da época reunia todas os elementos indispensáveis para tal:
- a estratificação da sociedade,
- a existência de uma rede de ligações entre especialidades econômicas e classes sociais,
- a disponibilidade de certo número de recursos,
- a uma evolução técnica suficiente para produzir excedentes.
retirado de André Bueno
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